Estão querendo me tirar o chão...
Já perdi tudo e nada mais me resta, não...
Exausta e cansada, tenho clamado dia e noite!
Não nasci para essa vida...
Não nasci para esse mundo...
Preciso de algo profundo...
Com certeza viver noutro mundo...
Passei por tempestades...
Naufraguei em alto mar...
Andei pelo deserto...
Tão sedenta e fugitiva
Como alguém que não tem lar...
Como vão entender?
Nesse mundo de normalidades insensíveis...
Almas cegas...
Mentes parcas...
E corações miúdos?
Como vão entender?
Em suas visões com cegueira diurna,
Divisam o óbvio.
Não distinguem a imagem que sangra...
As cores sombrias...
Pinceladas que contam...
Como vão entender aqueles cujo ouvido não lê?
Latejando, as letras incham e desincham,
Ricocheteiam entre as margens virtuais
Fazendo estrondo em silêncio ensurdecedor...
Gritos espremidos nas paredes corpóreas
Matam as células,
Sufocam o ar,
Assassinam a vida vermelha
Tornando-a vazia e cinza...
Gótica...
Como vão entender?
Se gelo, vulcão
Nunca foram ou são?
Precisariam vestir essa pele...
Necessitariam sentir nessa carne...
Querem me tirar o chão...
Deus, dá-me asas pra voar!!!
Artur Nogueira, SP - 02/01/2014